Tuesday, February 07, 2006

"Condensare" "Condensare"... gritava Ezra Pound em sua gaiola de gorila. Quem já leu o "ABC da literatura" ou, mais insistente, enfrentou as mil páginas de "Os cantos", sabe do que estou falando.... Condensar-A arte de cortar palavras... A capacidade de escrever bem sem extensas elocubrações punhetoverborrágicas. Ser preciso como um bisturi, atingindo o centro nervoso da idéia, do conteúdo....dizer o máximo com o mínimo de palavras gordurosas. Nisso reside o coração da poesia, do bom texto, da idéia bem expressa, sincera e precisa. Mas foda-se (apenas para não parecer pretensioso... e porque é bom falar palavrão). Quem conhece o velhinho fascista já sabe... americano traidor, que durante a segunda guerra, morando na Itália, emitia mensagens fascistas pelo rádio. Após o fim do holocausto, para não ser julgado como traidor, foi considerado louco e enviado a um hospício, onde viveu anos em uma "gaiola", onde escreveu boa parte dos textos de "Os cantos". Texto moderno da porra, mistura de poesia clássica, com referências a Homero, misturado com ideograma chinês... páginas e páginas de texto nervoso e intenso, muitas vezes incompreensível, mas sempre belo como só o "melhor fabricante" poderia fazer. Não por acaso seu próprio nome, citado no meu texto da "redenção" já cria uma imagem. Sua própria vida já é uma história literária e a citação de um momento da sua trajetória, uma imagem poética. Não que seja bela ou romântica, inspirada ou sensível, mas poética, no melhor sentido da expressão de sentimentos, sejam quais forem, de dor, sofrimento, paixão ou fúria insana. Mas que seja intensa e poética. Como Ezra Pound.