Sunday, February 12, 2006

Hunter S, Thompson

Não leio livros sobre jornalismo. Na verdade, nem jornal leio mais. Muito pouco. Pq? Me encheu o saco..."SOU JORNALISTA''. Sou? Sou porra nenhuma...Sou gente. Jornalismo é apenas minha profissão. O modo que encontrei para pagar meu pão, meus óculos e meus CDs usando a cabeça, as mãos e um teclado. Sim, estou "entiozinhando". Tão tiozinho que ainda falo em CDs quando todos pensam em MP3. Gosto dos CDs, como os tiozinhos ainda mais tiozinhos que eu gostam do vinil. Outro dia uma amiga falou do livro do Truman Capote. Não li. Mas ouvi falar bastante nos tempos da faculdade. Quando ela falou já tinha me esquecido completamente quem era e do que se tratava. É o "entiozinhamento", ávido, devorando os poucos neurônios. Pois é.... a última vez que me impressionei com a imprensa foi no meio dos anos 90, quando esperava ansiosamente cada novo número da revista "General", que achava moderna e bacana. A revista (que durou pouco) era editada por dois jornalistas: André Forrastieri e Rogério de Campos. Hoje esses caras têm uma editora: a Conrad. Sempre que vejo o símbolo do "pac-man" (tá vendo como eu tô tiozinho?) na lombada de algum livro na prateleira de uma livraria dou um sorriso e penso: "Esse livro deve ser legal". Até o livro em prosa do Alan Moore (Vozes do fogo) eles editaram. Mas isso não vem ao caso. Aonde eu quero chegar? É que... pois é.... estou lendo um livro de jornalista...E estou curtindo... só para pagar minha língua. Da Conrad. Do Hunter S. Thompson. Bem bacana. Ganhou minha simpatia. Logo no primeiro texto ele cita "O mito de Sísifo", do Albert Camus, que foi um livro que "mudou minha vida", com a idéia do "absurdo do existir" e de como o homem se sente impotente dentro do contexto do real, que o força a se adequar ao que é imposto, à despeito da própria vontade.. Mas isso é outra história... No livro do Hunter Thompson, outra coisa que me chamou a atenção logo de cara é uma parte em que ele faz elocubrações sobre uma possível tentativa de Nixon para tentar escapar do impeachment. Diz o seguinte: "Um tratado de longa duração com a Rússia, articulado por Henry Kissinger, assegurando o apoio de Moscou à invasão, captura e ocupação definitiva pelos Estados Unidos de todos os países produtores de petróleo do Oriente Médio. Isso resolveria não apenas a crise energética e acabaria imediatamente com o desemprego, ao forçar que todos os homens desocupados e fisicamente aptos a se alistar nas forças de invasão/ocupação... como também alçaria a economia a um nível de tempo de guerra e daria ao governo "poderes emergenciais" ilimitados"...
Esse trecho do livro foi originalmente publicado pelo jornal New York Times, em 1º de janeiro de 1974. Saddam Hussein? Iraque? Isso tudo não lembra alguma coisa ? Talvez o Apocalípse ... Que merda!!!!!