Friday, February 06, 2009

FUTIL IDADE

Quem me lê, se é que alguém me lê, embora escreva para mim, esperando que alguém leia, deve ter percebido que ando meio ranzinza e reclamão nos últimos meses. O motivo é que, como tiozinho, aprendi várias coisas durante adolescência e juventude que julgava como qualidades e normas de caráter. Hoje sinto estes conceitos evaporando, principalmente entre pessoas mais jovens, que apenas criam frases de efeito para justificar estas mudanças de hábitos e valores. E com um simples sofisma, o que entendia como errado passa a ser lei e o que era certo se torna defeito ou fraqueza. E não se trata de moralismo. Não se trata de conduta, muito menos de repressão sexual. Bondage e Menage são palavras que soam doces para mim e não causam asco, principalmente se penso que fazem bem a quem gosta. Falo em normas de conduta, em respeito ao próximo e delimitação de espaços.
Cresci, por exemplo, aprendendo que a humildade é uma virtude. Não carrego dogmas e não entro em igreja, mas aprendi que Cristo era um cara legal, melhor que todos os outros, mas não ostentava isso. Não imagino um Cristo moderno, ostentando tal grife no tapete vermelho, mas conversando e sendo atencioso com todos, embora não seja nada inferior à Luana Piovanni, por exemplo.
Tenho ouvido mutas frases do tipo "Eu sou isso. Eu sou aquilo. Afinal, se eu não me der valor, quem dará?". Realmente, se VOCÊ tem mesmo pouco valor, ninguém vai te valorizar, exceto você. Então você precisa se dar valor, na esperança que outros acreditem na sua falácia (já que não veriam valor em você por conta própria, sem sua indução) e atribuam a você o valor que não tem. A essa falácia chamamos, pomposamente, de "marketing pessoal", em mais uma denominação afetada para justificar a mentira.
Particularmente, não valorizo quem se valoriza tanto. Até pq já se auto valorizam o suficiente para precisar do meu valor e admiração. Prefiro admirar quem poderia ser assim e não é ou, simplesmente, quem não poderia, mas assume isto e procura desenvolver mais qualidades efusivas que anunciadas.
Talvez por isso não me preocupo tanto com quantidades, mas com qualidade. Não preciso de muitos amigos, mas de poucos em quem acredite e tenha e receba sentimentos bons e verdadeiros. Não procuro falar muito, mas falar pouco com justiça e manter o que digo e dizer o que penso, sem dizer uma coisa aqui e outra lá, uma agora e o oposto depois, dependendo do local ou com quem falo. Naqueles meus tempos de adolescência e juventude isso se chamava personalidade. O que outros conceituam como personalidade hoje também pode ser chamado de "estilo" e está muito mais ligado à imagem, à forma de se vestir do que com aquilo que a pessoa é realmente.
Outra frase de efeito: "A fila anda....", no sentido de "Todos me querem. Eu tenho valor". Em minha releitura, penso em fila como algo que muita, mas muita gente mesmo têm acesso. Algo tão fácil e público que basta esperar sua vez, já que muita gente já usou e pretende usar. Particularmente, prefiro algo mais profundo e prolongado que uma lufada de vento. Prefiro coisas que nascem, crescem e se desenvolvem do que coisas que vão passando. Mas sou velho. E já era velho quando era jovem. Mas não era futil. Não...isso não!!!

1 Comments:

Blogger EduwHS said...

bonito texto.

7:33 PM  

Post a Comment

<< Home