Monday, April 10, 2006

O Beijo de Judas

Nesse texto anterior (é...esse mesmo, aí de baixo...isso...), sobre lugares vazios e preencher espaços, usei como referência o evangelho apócrifo de Tomé. Pois é... coincidências da vida... Poucos dias após postar esse texto acabo de ler em algum lugar que alguns teólogos ou cientistas ou sei lá quem acabam de traduzir da língua copta (é isso? Sei lá...) mais um evangelho apócrifo. O de Judas. É, esse mesmo, o traidor... Se esse livro fosse aceito pela igreja a história do cristianismo precisaria ser revista. De acordo com essa versão, Judas não era apenas um traidor sem vergonha que vendeu Cristo por 30 dinheiros, mas seu apóstolo mais querido. O único que entendeu a verdadeira missão de Cristo e como ela deveria se desenrolar. Nessa versão, Judas vendeu Cristo não por traição, mas por ordem e conivência do próprio. Para que no calvário pudesse se libertar da crosta humana e então provar sua divindade. Judas não seria então um vilão, mas o mais fiel apóstolo de Cristo.
Bem...humhum, de qualquer forma, esse continua sendo um evangelho apócrifo não aceito e não oficial, tipo uma farsa ou uma blasfêmia. E Judas continua sendo um sem vergonha traidor que traiu Cristo com um beijo por 30 moedas. Tá!!! E daí???? Daí que de uma coisa estou certo...uma grande parte das pessoas comuns, com as quais convivemos, amamos e nos relacionamos possui uma alma de Judas. Quando nos traem. E se falarmos em traição em termos de relacionamentos amorosos, a traição passa inevitavelmente pelo beijo. Em outros lábios, é claro. Apenas sem a necessidade dass 30 moedas. O beijo, então, tão linda manifestação de afeto, pode ser entendido também como símbolo histórico maior da traição.
Poderia, então, alguém me explicar pq, às vezes, a vida é tão dialética que nossos maiores prazeres se tornam as ferramentas para nossos maiores tormentos? Sei lá.... Talvez Judas explique... Afinal, ele sabia das coisas....