Sunday, August 13, 2006

EMBRIÃO

Nos últimos dias de julho vivemos, excepcionalmente, alguns dias mais quentes de inverno dos últimos anos. Não sei se isso é bom. Se é um pouco mais de calor na vida ou apenas reflexos cancerígenos do efeito estufa. Sei lá... (sei lá é uma frase mágica, como "ocus pocus". Responde muita coisa...). A verdade é que alternamos noites quentes c om outras de intenso frio. Nestas, as frias, o que pode parecer mais atraente do que ficar encolhido, aconchegante, sob o peso de cobertores macios? Sim...sei...outra coisa pode parecer melhor. Vou chegar lá... mas depois desta outra coisa, acabamos, do mesm o jeito, encolhidos e felizes, debaixo do cobertor. E os infelizes também certamente sentem-se um pouco melhor quando cobertos e aquecidos. Cacete... aonde eu quero chegar com isto tudo? É que venho me perguntando, muito, se esse prazer que sentimos, encolhidos sob os cobertores, nada mais é do que uma vontade inconsciente de retorno ao ventre materno. Uma espécie de fuga dos problemas da vida. As semelhanças são muitas. Quantas vezes me flagro, encolhido, no colchão no canto do meu quarto escuro, querendo apenas e somente, estar alí? Nada mais... nada de vida, nada de vozes, nada de nada. Apenas pequenas ondas de calor agradável percorrendo meu corpo. Encolhido... a escuridão, o silêncio, o calor... Sim, a TV nos distrai, mas o melhor momento é o pré e o pós sono, o torpor, a ausência de vínculos com o cotidiano. Nada na mente, apenas calor e conforto, como no ventre materno. Barulhos, buzinas, gente falando e falando, contas, dinheiro, problemas.... nada disso está alí, naquele momento. Apenas calor e conforto. Talvez por isso, também aquele desejo de "mais cinco minutos", tão comum, todos os dias, pela manhã...
Já sei... "E o sexo?", alguém se pergunta "não é tão bom ou melhor?". Sim, sem dúvida. Mas acaba em calor e conforto, dormindo, embaixo dos cobertores. Os solitários se encolhem e concentram o calor espalhado no próprio corpo. Os amantes se abraçam, um de costas para o outro, resguardando o calor de outro corpo. Todos encolhidos... como fetos.
Só nos esparramamos na cama no verão, como flores que desabrocham, mas é porque o calor já está presente, espalhado justamente por todo o ambiente no qual nosso corpo se espalha.
Aliás, quanto ao sexo, não querendo parecer Freudiano, mas ao menos nos homens me pergunto se a penetração não seria uma forma inconsciente de retorno ao ventre materno, esquecendo a distinção social entre "mãe" e "mulher". Mas aí também já é querer ser Édipo demais demais e envolve valores morais nos quais nem quero pensar. Além do mais, nas mulheres, não sei como funciona. Se fosse uma talvez entendesse... Sei lá... aceito sugestões...

1 Comments:

Blogger Lena Dib said...

Ultra freudiano. A posição fetal eu já tinha deduzido, mas isso da penetração eu achei bem interessante.

2:44 PM  

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