Ácido Ameno

Wednesday, May 17, 2006

Polaridades

Odeio Física. Mas gosto de pessoas. Nem todas, claro...Tá!!!! Mas o que uma coisa tem a ver com a outra? Estou pensando pelo lado do magnetismo, da atração e retração. De como agimos como imãs. Todos os dias milhões e milhões de pessoas se esbarram e desviam umas das outras, de forma aleatória, como partículas, ao acaso... Mas aí... eis que somam-se dois elementos que fazem a diferença, por sermos humanos: a vista e a consciência. A conexão entre ambas... E, de repente, a coisa deixa de ser tão aleatória assim... É aí que nos tornamos imãs, mas com magnetismo moderado pela consciência. Nos olhamos e os olhares se desviam, mas às vezes se encontram. Como na Física. E isso significa algo a mais. Pode gerar atração e encontro de corpos e esse encontro pode acarretar criação (ou creação, para ser teológico) ou, simplesmente, não. E no primeiro caso, ainda assim, algo criado também pode ser posteriormente destruído, apenas pela alteração da polaridade, quando duas pessoas (ou apenas uma delas) deixam de se atrair, sempre moderadas pela consciência.
Pois é....essa atração, quando sabiamente conduzida, tende a trazer soma e evolução, ou seja, construção. Com sabedoria, até a mudança de polaridade, com alteração de atração por repulsa, ainda que acarrete inevitavelmente em destruição, pode ser seguida por uma nova construção, um recomeço. Sem sabedoria, atração e repulsão culminam apenas em atrito e destruição.

Li recentemente uma frase que achei muito bacana, de um cara chamado Hakim Bey (mais uma da editora Conrad, que já havia citado no texto sobre o Hunter Thompson), que diz que "O caos é a soma de todas as ordens". Embora tenha gostado da frase e concorde, não deixo de pensar que existe um certo radicalismo em supor que "as ordens" às quais ele se refere são estáticas, pouco sábias e não sujeitas a mudanças ou somas. Por isso, somadas, não geram criação, apenas atrito.

Também andei notando essa idéia de polaridade entre as pessoas na música. Posso lembrar de vários exemplos. Só no meu nicho preferido, o rock/pop/alternativo gringo, pelo menos quatro bons exemplos aparecem logo na mente. O primeiro é uma música do Pink Floyd chamada "Poles apart", ou pólos separados. Mas, como não gosto muito dessa música, então deixa quieto... A segunda é o hino do Joy Division, "Love will tears us apart". Esse exemplo acho ótimo. Mostra como, sem sabedoria, até o sentimento mais lindo, o amor, pode ser apenas destrutivo. Ele, que deveria nos unir, serve apenas para separar. Destruir. Aliás, seu autor,o Ian Curtis, é um ótimo exemplo de como coisas boas e promissoras apenas se destroem, quando não há o mínimo de sabedoria. Prova disso é que, apesar de ser um puta letrista e tudo, ele se matou, enforcado, com apenas 21 anos. Credo...se eu fosse ele já estaria morto há mais de dez...
O terceiro exemplo tem mais a ver ainda. É uma banda muito bacana chamada "Magnetic Fields" ou "Campos Magnéticos". O nome diz tudo. Soma-se a isso o fato de que eles lançaram um álbum triplo chamado "69 love songs". Número muito sugestivo para um play em que todas as músicas tratam de relacionamentos amorosos.
O último exemplo é umas músicas mais belas que conheço, no quesito "canções de amor". Chama-se "Stella Maris" (será q escrevi certo?), da banda alemã Einsturzend Neubauten. É curioso... O Neubauten, como banda de rock industrial (se o Hermeto Pascoal fosse alemão faria esse tipo de som), normalmente ruidoso, escreveu um das músicas de amor mais contundentes q conheço...Nela, o autor fala que procura sua amada o tempo todo no Pólo Norte (do mundo), enquanto ela, ao mesmo tempo, o procura no Polo Sul, mas que ambos se encontram sempre, nos sonhos um do outro. Genial!!! Mas... enfim... chega de viajar na maionese... À propósito, se a gente se esbarrar por aí qualquer dia, quem sabe, se formos sábios e com polaridades compatíveis, quem sabe não criamos algo bacana...pode crer...