Ácido Ameno

Sunday, May 04, 2008

Tribo Fu (em homenagem ao Pato Fu)

Literalmente.... o "famoso barriga de tanque sem camisa do orkut"

Cansei de ouvir falar em "lugar onde só tem gente bonita". Nada contra a beleza. Admiro-a, como qualquer ser humano. Apenas não gosto da carga segregacionista que o termo carrega. Como se quem descreve algum lugar desta forma pudesse e tivesse o direito de decidir o que é feio e o que é bonito. E esse "juiz", considerando-se "gabaritado" o bastante e, automaticamente, incluso na massa privilegiada, pudesse s implesmente excluir e desmedrar os não inclusos. Discuti a esse respeito com meu amigo um dia desses. Que policial ou "hostess" ou supervisor carrega o "feiometro", detector correspondente ao bafômetro, com o objetivo de avaliar quem está apto ou não para guiar a própria cara pelos ambientes respectivamente correspondentes? Deveríamos criar um novo cargo público? O oficial de beleza avaliador? O cara que sai pela noite, fiscalizando os rostos e as roupas das pessoas que não se enquadram com o nível específico esperado de cada ambiente? Presidentes texanos e ditadores austríacos adorariam manter este tipo de milícia em seus governos.
Não odeio gente bonita. Odeio segregacionismo. Adoro a liberdade. E, no meu entender, ir a lugares para avaliar e ser avaliado não faz parte do lazer. E quero diversão. Status não. Para mim, isto é apenas nome de revista pseudo-erótica falida há mais de 20 anos. Gosto de beleza. Não quero ser hipócrita. Quem não gosta de bom vinho? Mas adoro liberdade e tomo, de bom grado, cachaça ou tubaina, se me der vontade....Gosto do bom gosto. Mas não gosto da "tirania do bom gosto". Nenhuma tirania é boa, mesmo a das coisas boas. A tirania é a mãe da escravidão.
Odeio "lugar onde só tem gente bonita". Às vezes, odeio gente. Como um todo. Algumas vezes, aglomerações com mais de quatro pessoas começam a me desagradar. Depende do contexto, claro. Muito falatório...muita futilidade...muitas pessoas julgando umas às outras, com olhares de esquivo. Ninguém se enxerga. Apenas avaliam, considerando-se, automaticamente, aprovados. Isso cansa... Também estou julgando? Sim...estou, com certeza. E quem notou é porque não gosta de ser julgado. Portanto.... não julgue!!!
Tenho nítidas lembranças do passado, em épocas de estudante, de quantas e quantas e quantas vezes fui embora de barzinhos de porta de faculdade, cheios de gente "bonita e inteligente" (muitas nem uma coisa nem outra, na minha opinião) por preferir os 'botecos" na esquina de casa, onde estavam minha namorada e meus amigos. Não avaliavam. Não eram avaliados. Não desfilavam em passarelas de carne abarrotada, procurando sexo...Mas se divertiam. E não deixavam de "beijar na boca". Chega de "causar". Quero outras causas, que não incluem apenas me sentir importante para combater a própria insegurança.
Jeans e camisa. É assim que ando. Sempre... foda-se...com algumas variações, claro, mas sem preocupações extremas. O básico...apenas o básico do básico, por favor....Poderia avaliar rótulos e marcas. ter preferências. Investir nisso, como invisto em outras coisas, como músicas e livros. Mas não. Não estou a fim. Não há problema nisso. Não vejo problema em quem faz isso, exceto quando não se contenta em fazer por gosto pessoal, mas pela tirania do bom gosto. Para ganhar pontos no feiometro e o direito de julgar. Não sou adepto de excessos. Não concordo que o caminho do excesso leva ao palácio da sabedoria...Acho o excesso sinônimo de gordura e bulimia. Neste ponto sou mais Aristotélico e budista. Prefiro o caminho do meio. Se caio para o lado, levanto e continuo. Se caio para o outro, idem. Não ando na beira do precipício. Alguns amigos meus andaram. Não fui adepto do "morra jovem e deixe um cadáver bonito". Depois de dois dias nenhum cadáver é bonito. Marcas e etiquetas, o melhor "look", ter estilo, causar.. legal... bacana, mas não deve ser prioridade nem padrão de comparação. M Officer, Adidas e Diesel são apenas marcas e etiquetas feitas de pano, que podem desgrudar dos tecidos e cegar olhos segregacionistas. Enquanto gosto pessoal, ótimo. Enquanto padrão de valor, péssimo.
Não espere de mim o que não espero de você, assim como não espero de você aquilo que sou.
E que assim reine a paz na tribo.

- Brad Pitt ou cara-de-cu? Quem lê Preacher certamente fica com o segundo, que é solícito, curte Nirvana e não protagonizou "Lendas da Paixão" (embora o "Brat" também tenha feito coisas boas)